quinta-feira, 3 de junho de 2010

ELEVADO 3.5

Foi emocionante assistir ao documentário Elevado 3.5 que trata de pessoas com histórias de vida muito bonitas. Vida vivida sobre, ao lado, dentro do elevado Costa e Silva, o famoso Minhocão localizado no centro da cidade de São Paulo. Esta que enfrenta hoje a dúvida sobre a demolição de uma enorme infra-estrutura urbana que custou milhões e encerra não somente concreto mas muito trabalho humano. Achei incrível como essas pessoas do filme passam a entender e criam um afeto pelo elevado, pelo seu barulho, pela sua agitação, por sua função conectora indispensável ao trânsito da cidade. É um corte, é uma ferida mas já é também uma memória.

A prefeitura lança a possibilidade de sua demolição como um factóide, com interesses que precisam ficar bem claros para não se tratar apenas de mais uma operação urbana a ser usufruída por aqueles que vão poder pagar por um pedaço de terra valorizado. E o entulho dessa destruição, será jogado aonde? Quanto se paga por isso? São muitas questões, todas bem vindas quando o assunto é cidade e planejamento urbano.  O menos importante é a questão circunstrita à demolição ou não da via expressa elevada, mas sim, se qualquer ação estará estruturada em um estudo sério sobre habitação, valor da terra, possibilidade de gentrificação do local. Ou seja, se esse novo (re)desenho de uma linha urbana estará costurado com aquilo que compõe a verdade - que inclui limites e desafios - dessa cidade.

Deixo aqui algumas imagens dessa noite vivida por mim com muita intensidade. Nunca havia ido lá, apesar de saber que nos finais de semana o Costa e Silva (ê nome pesado!) vira um parque, uma praça de esportes onde os carros não passam. Fiquei completamente envolvida com a sensação de entrar sozinha naquela via imensa, elevada, cercada de prédios, afastados mais ou menos 5 metros da mesma. Ver gente, pais, filhos, crianças jogando bola, gente andando de bicicleta. E os moradores desses prédios que se aproximavam de suas janelas, como num camarote, num cinema urbano, prontas a usufruir um evento aberto, livre, democrático. Vou guardar esse momento pra sempre. Porque como já disse o arquiteto Bernard Huet, "é pela permanência de tempo nos espaços públicos que a cidade constitui sua memória."





Vejam, vejam!!

O lindo filme ELEVADO 3.5 dirigido por João Sodré, Maíra Santi e Paulo Pastorelo.
O blog O Museu do Minhocão


Beijos

5 comentários:

  1. A destruição do Minhocão, que se pretende criativa (um estudioso chamado Schumpeter, na cola de Baudelaire, Haussmann, Nietzche e Marx considerou a destruição criativa o "leitmotif" do desenvolvimeno capitalista), é um grande desafio para os estudiosos e moradores da cidades.

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  2. Já me deparei diversas vezes querendo responder o que acho da demolição do Minhocão... Por um viés, cálculos e estimativas e por outro, história, marcas e identidade. Muito legal ter lido isso aqui, Tay... Vou ver este filme. Boa indicação!

    Ps. Esse dia deve ter sido maravilhoso! Terá novamente?

    Beijos

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  3. Bom dia!

    Obrigada pela citação do meu blog.
    O futuro do minhocão esta sendo definido.
    Um abraço, cleo
    http://minhocao.wordpress.com

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  4. Bom dia!

    Gostaria de obter alguma informação sobre os novos caminhos e descaminhos quanto ao futuro do "Minhocão".

    Abraço.

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  5. Tayana,
    Continuo vindo no teu "blog" procurar notícias sobre o Centro de São Paulo.

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